terça-feira, 29 de abril de 2014

A ansiedade de separação e individuação da criança e a entrada na educação infantil

A ansiedade de separação faz parte do desenvolvimento normal da criança, surgindo, aproximadamente, entre os cinco primeiros meses de vida e decaindo aos 18 meses, podendo persistir de forma suave até os cinco e seis anos de idade. A entrada da criança na escola nos dois primeiros anos de vida tem sido cada vez mais freqüente, justamente no período em que a dupla ¨mãe-bebê¨ está vivenciando o processo de separação-individuação. Entende-se por esse processo que até o final do primeiro ano as mães estão envolvidas e devotadas ao bebê e em estado dependente. Mas, até o final do primeiro ano de vida da criança as mães manifestam com mais clareza o desejo de retornarem o seu espaço e mostram-se mais independentes, como se a individuação crescente do bebê provocasse o resgate da sua individualidade como mulher. Assim, inicia-se um período de diminuição da dependência corporal do bebê com sua mãe. Ele começa a desenvolver noções de locomoção como: engatinhar, levantar... Mostra interesse por objetos, buscando estimulação do ambiente. Então, o bebê já reconhece por volta dos cinco meses de idade, que ele e sua mãe são objetos separados. Está iniciando o processo de separação e individuação! Antes havia uma simbiose, em que o bebê com sua mãe fossem a mesma pessoa. Por volta de oito meses há a reaproximação em que a criança começa a engatinhar adquirindo, progressivamente, as habilidades necessárias para separar-se fisicamente da mãe. É o período em que a criança sente muita angústia, pois ainda não consegue reter, por muito tempo, a imagem da figura materna internamente, ou seja, quando a mãe se afasta ela entende que a mãe desapareceu e não irá mais voltar. Assim, chamamos de ansiedade de separação, à medida que o bebê tem cada vez mais a consciência física de separação do corpo da mãe com o medo de ficar sem ela, por isso seus sentimentos vão oscilar entre ímpetos de independência e momentos de grandes apegos. O apego é saudável no seu devido tempo e processo, pois para poder ser independente é preciso ter que depender. Por volta dos dois anos de idade, esse apego torna-se menos visível. A criança já tem condição cognitiva de entender quando a mãe explica que vai sair e voltar, ainda mais quando na relação mãe e filho foi adquirida a autoconfiança, sentindo-se capaz de relacionar-se bem com as outras pessoas e crianças. A entrada na escola é um processo saudável e faz com que a criança avance nos seus aspectos sócio-afetivos e cognitivos, conquistando novos espaços. Portanto, esse processo de separação e individuação faz parte e se caracteriza por oscilações de sentimentos nas crianças como: sentirem-se abandonadas, enraivecidas, batendo... Algumas até podem esconder seus sentimentos por algum tempo, parecendo dóceis e quietas; e outras podem até chorar, gritar, mostrarem-se mais agitadas, não comerem, não dormirem direito, até que adquirem confiança no professor. Esse processo é gradual. As regressões são normais como: chupar o dedo, falar como bebezinho, não comer, não dormir como no habitual... Às vezes adaptam-se bem nos primeiros dias, mas logo dão sinais de regressão. O importante é que os pais e crianças estejam preparados para esta separação. Todos os pais se preocupam com a entrada da criança na escola e apresentam uma ansiedade normal, a qual pode manifestar-se sob inúmeras dúvidas quanto aos cuidados que serão oferecidos aos seus filhos. È um desafio para todos: pais, crianças, professoras e equipe da escola. Esse processo deve ser gradual, criterioso e com muita paciência. A adaptação acontece positivamente quando os pais têm expectativas positivas, a satisfação com a entrada da criança nesse novo universo e a confiança na escola.